O Olival em Trás-os-Montes


O OLIVAL 

Na Península Ibérica, a oliveira era conhecida ainda antes da ocupação romana, provavelmente como legado de gregos ou de fenícios, e a ocupação muçulmana apenas veio reforçar a sua implantação.
Apesar de ser certo que o olival representava já em plena idade Média um valor significativo na economia rural familiar, também é verdade que pouca importância económica teria, uma vez que não é citado nos forais da época, que não referem o azeite como produto a proteger, tabelar ou sujeitar ao pagamento de impostos ou taxas ou dízimo da Igreja. De facto, até ao reinado de D.Manuel I, pouco azeite se colheria nesta região.
Assim, em Trás-os-Montes, a sua relevância económica apenas se terá tornado evidente a partir do século XVI, a crer nas palavras de João de Barros na sua Geographia d' Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes. Aí, o autor referencia a existência de olival em Mirandela e em Freixo de Espada à Cinta. Mais tarde, no século XVII, nova referência em relação a Torre de Moncorvo, desta feita por Manuel Severim de Carvalho. A esta introdução do olival, enquanto cultura de larga escala, não terá sido alheio o sucesso das experiências efetuadas em França.
Uma postura municipal da Câmara de Mirandela, datada de 1689, é porventura a mais antiga menção regional a atribuir algum valor económico local à azeitona, condenando as pessoas que procedessem ao seu roubo e "rebusco". Sendo esta região caraterizada por terrenos pobres, de características mediterrânicas, a oliveira sofreu a concorrência de outras culturas, tais como o centeio, a vinha, os rebanhos...
Mesmo assim, o azeite aparece hoje como uma das maiores riquezas da região, reputado por todo o lado como excelente. Os olivais estendem-se por volta das vilas, pelas baixas, em particular nos vales, como o Vale da Vilariça, onde ocupa todo o tipo de solos, chegando mesmo a enraizar-se nas escarpas das margens do Tua e do Sabor.
Na época da apanha, ranchos de mulheres e homens calcorreiam caminhos antigos, desafiando a intempérie. Os lagares, sempre quentes, acolhem mais tarde, os agricultores, que recordam os tempos em que não havia cafés e se deliciavam com as torradas de pão molhadas em azeite a sair da bica, as tibornas.
Adivinha-se o ritual, que desde tempos remotos se criou à volta da oliveira e dos seus produtos, que constitui uma das principais quando não a mais importante, fonte de rendimento da exploração agrícola.
Hoje, milhares de hectares de novos olivais foram plantados e, se é verdade que a introdução das novas tecnologias, da mecanização, das novas variedades, e métodos de irrigação provoca um contraste quase violento com a disposição fundiária e com os métodos tradicionais, também é verdade que tal introdução se traduziu em vantagens acrescidas para os olivicultores. Este espírito de renovação revela-se através da Região Demarcada do Azeite de Trás-os-Montes e Alto Douro e do inevitável sucesso da certificação de um produto genuíno de qualidade imbatível.

Aqui se extrai o melhor azeite do mundo.


http://www.casaaragao.com.br/Conhecimento_Historias/olival.asp

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